O escritor brasileiro Rubem Fonseca é o vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa, atribuído no âmbito da 13ª edição do encontro literário Correntes D’Escritas, com o livro “Bufo & Spallanzani” (Sextante Editora). O vencedor do prémio, no valor de 20 mil euros, foi anunciado esta manhã.
Pouco depois de ouvir a escritora Patrícia Reis, a presidente do júri do Prémio Literário Casino da Póvoa dizer o seu nome, Rubem Fonseca levantou-se para falar, pois é "uma pessoa peripatética" e não pode ficar parado. No seu discurso de agradecimento e também representando os escritores que durante três dias vão estar na 13ª edição do encontro literário Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim. "Amo a língua portuguesa é uma língua lindíssima", disse o escritor brasileiro que lembrou o seu pai que recitava de memória "O Melro" e sonetos de Camões.
"Adoro poesia. Lembrei-me de Camões. Vocês me permitem que eu leia Camões?", perguntou e encantou a sala ao recitar o soneto "Busque Amor novas artes, novo engenho" e terminou com um "Viva a língua portuguesa!"
Sobre a obra de Rubem Fonseca, o júri, composto Ana Paula Tavares, Fernando Pinto do Amaral, José António Gomes e Pedro Mexia, destacou que "Bufo & Spallanzani" mostra "uma compreensão alargada das situações e problemas sociais". "É uma obra reveladora da diversidade do humano", do qual destacam o rigor da escrita, "bem como a qualidade da arquitectura romanesca". "Este livro desenvolve-se num ritmo narrativo muito sedutor na abordagem dos tipos humanos e no uso de uma linguagem coloquial."
A conferência da abertura da edição deste ano do Correntes D"Escritas só acontece às 15h por D. Manuel Clemente, bispo do Porto, mas antes foi anunciado o vencedor do prestigiado prémio, numa sessão em que foi lançada a revista Correntes D"Escritas dedicada ao ensaísta Eduardo Lourenço, homenageado desta edição.
Rubem Fonseca, Prémio Camões 2003, que no Brasil costuma recusar dar entrevistas ou falar em público, é o convidado especial do Correntes D’Escritas e será ainda condecorado com a Medalha de Mérito Cultural pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas.
O escritor, de 86 anos, é um também um dos participantes da primeira mesa, que tem por tema a frase “A Escrita é um risco total”, de Eduardo Lourenço, que participará na mesa, moderada pelo director do Jornal de Letras, José Carlos de Vasconcelos, e tem ainda como convidados Almeida Faria, Hélia Correia e Ana Paula Tavares.
Da lista de mais de 200 livros, o júri escolheu Rubem Fonseca, que competia com os finalistas: “A Cidade de Ulisses”, de Teolinda Gersão; “As Luzes de Leonor”, de Maria Teresa Horta; “Adoecer”, de Hélia Correia; “Do Longe e do Perto - Quase Diário”, de Yvette Centeno; “Dublinesca”, de Enrique Vila-Matas; “O Homem que Gostava de Cães”, de Leonardo Padura; “Os Íntimos”, de Inês Pedrosa; e “Tiago Veiga - Uma Biografia”, de Mário Cláudio.
Durante três dias, estarão na Póvoa de Varzim mais de meia centena de escritores, entre os quais Manuel António Pina, Pedro Rosa Mendes, Gonçalo M. Tavares, Valter Hugo Mãe, Eduardo Sacheri, Rosa Montero, Manuel Moya, Luís Sepúlveda.
Isabel Coutinho, PÚBLICO
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