sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Dignificar os mais velhos
Romance "A máquina de fazer espanhóis" marca o regresso de Valter Hugo Mãe à prosa
ISABEL PEIXOTO
Nas livrarias desde a passada sexta-feira, "A máquina de fazer espanhóis" é o quarto romance de Valter Hugo Mãe. Antigo regime, terceira idade, provocação - de tudo se encontra num livro que o autor admite ser terapêutico, mas não piegas.
O pai morreu há dez anos, sem ter direito a essa idade que se chama terceira. Surge então o livro, que lhe é dedicado. "É feito para imaginar um espaço sensível, ou tempo sensível, que o meu pai não pôde viver", diz Valter Hugo Mãe, escritor e filho. Em "A máquina de fazer espanhóis" - título que aparenta ter nada a ver com nada -, o autor usa a voz de António Silva para incitar à dignificação.
Reformado de barbeiro, António Silva é um velho dos seus 84 "que começa talvez a maior aventura da vida no momento em que a esposa morre", conta, insistindo: "É um homem que tem de lidar com a revolta do efémero, com a revolta da perda, e de encontrar motivos para, naquela idade e debilitando-se cada vez mais, sobreviver".
Apesar de pouco sair à rua, a personagem central do livro carrega às costas o fardo de despertar consciências. E como? Diz à sociedade que "os velhos ainda são perigosos, neste sentido de que a opinião deles ainda tem de contar", explica o escritor. Mas há mais personagens, às quais Valter recorre para alcançar outro objectivo do novo romance, que é revelar "um certo testemunho que existe nas pessoas mais velhas em Portugal e que se prende com o facto de terem uma experiência directa do que foi o fascismo e do que foi o antigo regime".
É nesse apelo à memória que o livro identifica o que sobrou, ou pode ter sobrado, da ditadura. Eis a constatação do autor: "Que o enfraquecimento do nosso país durante o século XX - e sobretudo um enfraquecimento ao nível das consciências - nos leva a pensar que somos piores do que os outros e que estaríamos melhores se fôssemos espanhóis". Eis-nos, então, chegados ao título.
"Obviamente discordo com a manutenção dessa menorização. Temos a tendência para uma certa menorização que nos foi deixada por décadas de ditadura", critica. E, apesar de considerar que o povo português tem "valores humanos assinaláveis", não deixa de lhe apontar uma "tendência para desmobilizar". "Já passaram 30 e tal anos e a verdade é que nós continuamos, de alguma forma, à deriva", acrescenta.
Voltando à idade que é a terceira, Valter Hugo Mãe diz ainda que o livro é "uma tentativa de perceber que drama é esse de, a dada altura, estarmos a viver contra o corpo". Mas sem exageros. "O livro acaba por ser um pouco terapêutico, mas, sobretudo, não é piegas", garante. "O que pretende é incitar os cidadãos da terceira idade a uma participação maior, a uma exigência de uma dignificação", refere ainda.
A capa do livro resultou de uma feliz coincidência. É que a personagem central costumava namorar com a mulher atrás de cortinas. Depois de António Silva ter feito essa revelação na história, o autor encontrou na Internet uma fotografia muito semelhante, acabando por usá-la agora.
Valter deverá lançar dois livros infantis proximamente e, até ao fim do ano, é provável que publique um outro romance, já concluído há uns tempos. Será uma edição especial, ilustrada, espécie de oferta para quem costuma ler os seus escritos
Sugestão da Semana
Errar é Divino
Marie Phillips
Se os deuses são imortais, o que será feito deles, no mundo contemporâneo? Esta pergunta é o ponto de partida para uma sátira inteligente, onde as figuras da Antiguidade Clássica dão corpo a uma realidade bem actual.
Senão, vejamos:
Longe vão os dias do Olimpo, os deuses partilham uma velha casa, em Londres.
Artemisa passeia cães, Dionísio é DJ numa discoteca, Afrodite atende chamadas eróticas e Apolo é apresentador de televisão. E é por causa de uma briga entre Afrodite e Apolo que nada vai voltar a ser como dantes. Para se vingar de Apolo, Afrodite pede a Eros que dispare uma das suas setas contra ele, instalando o caos. Apolo acaba por se apaixonar por uma mera mortal e, quando os dois mundos chocam, as consequências são hilariantes.
Uma histórias com contornos fantasia, que vem dar continuidade à colecção Lado B, desta editora. Marie Phillips nasceu em Londres em 1976. Estudou Antropologia e trabalhou como investigadora para a televisão durante vários anos. Decidida a escrever, tornou-se livreira independente e foi durante esse tempo que criou “Errar É Divino”, que desde então já foi traduzido em 22 línguas. Actualmente dedica-se por inteiro à escrita.
Errar é Divino
Marie Phillips; Editorial Presença
284 págs; € 16,50
Uma sugestão da revista Os Meus Livros
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Finalmente um acordo
Ao fim de mais de catorze horas de negociações a ministra Isabel Alçada e os principais sindicatos de professores chegaram a um acordo sobre o estatuto da carreira. Fenprof e FNE, as maiores federações do sector, selaram já depois da meia-noite um entendimento que permite aos professores que tiveram ?bom? na avaliação não permanecer mais de três anos retidos na transição para os 5º e 7º nos escalões.
As negociações, iniciadas às 10.20, já tinham sido interrompidas para almoço, e prosseguido depois do jantar. De manhã, tinha já caído uma das barreiras na carreira pretendidas pelos sindicatos, suprimindo-se a limitação de vagas no acesso ao 3.º escalão salarial, “degrau” a que poderão subir cerca de 19 mil docentes.
E tinham sido asseguradas melhores condições para quem enfrentasse este obstáculo no acesso ao 5.º e 7.º escalões. Nomeadamente garantindo que a progressão de professores classificados com “muito bom” e “excelente” não entram na contabilidade de vagas a criar anualmente.
Ficou ainda estabelecido que a prova de ingresso na carreira deixará de ser exigida a quem já deu aulas e teve pelo menos uma avaliação. Ou seja: só os professores contratados pelo ministério a partir do actual ano lectivo terão de sujeitar-se a este teste se pretenderem entrar para os quadros.
Os sindicatos também fizeram concessões. Não abdicaram da sua principal exigência: a garantia de que os professores “bons” chegarão ao topo da futura carreira. Mas já aceitavam que esse acesso pudesse acontecer no limite, aos 40 anos de profissão, bem perto da reforma. E, apesar de o tema da avaliação ter ficado em segundo plano na reunião de ontem, também já davam a entender que aceitariam as (outrora muito contestadas) quotas para as classificações de “muito bom” e “excelente”.
Alçada não aceitava deixar, por escrito, o compromisso de assegurar o topo a todos os "bons". Mas disponibilizava-se para criar mecanismos que garantissem a sua progressão. No final, a proposta do Ministério contemplou uma majoração de o,5 pontos por ano de retenção nos escalões (sendo que a nota de “bom” é atribuída a partir do 6,5 e a de “muito bom” a partir de 8, ou seja, no máximo um professor acede ao 5º e 7º escalões ao fim de três anos) e ainda a diferenciação entre as classificações de “bom” (entre 6,5 e 7,5).
Condições que agradaram à maioria dos sindicatos. Já de madrugada, Mário Nogueira e João Dias da Silva foram os primeiros a assinar o acordo, enquanto Isabel Alçada fechava a noite a congratular-se com o entendimento.
In DN
As negociações, iniciadas às 10.20, já tinham sido interrompidas para almoço, e prosseguido depois do jantar. De manhã, tinha já caído uma das barreiras na carreira pretendidas pelos sindicatos, suprimindo-se a limitação de vagas no acesso ao 3.º escalão salarial, “degrau” a que poderão subir cerca de 19 mil docentes.
E tinham sido asseguradas melhores condições para quem enfrentasse este obstáculo no acesso ao 5.º e 7.º escalões. Nomeadamente garantindo que a progressão de professores classificados com “muito bom” e “excelente” não entram na contabilidade de vagas a criar anualmente.
Ficou ainda estabelecido que a prova de ingresso na carreira deixará de ser exigida a quem já deu aulas e teve pelo menos uma avaliação. Ou seja: só os professores contratados pelo ministério a partir do actual ano lectivo terão de sujeitar-se a este teste se pretenderem entrar para os quadros.
Os sindicatos também fizeram concessões. Não abdicaram da sua principal exigência: a garantia de que os professores “bons” chegarão ao topo da futura carreira. Mas já aceitavam que esse acesso pudesse acontecer no limite, aos 40 anos de profissão, bem perto da reforma. E, apesar de o tema da avaliação ter ficado em segundo plano na reunião de ontem, também já davam a entender que aceitariam as (outrora muito contestadas) quotas para as classificações de “muito bom” e “excelente”.
Alçada não aceitava deixar, por escrito, o compromisso de assegurar o topo a todos os "bons". Mas disponibilizava-se para criar mecanismos que garantissem a sua progressão. No final, a proposta do Ministério contemplou uma majoração de o,5 pontos por ano de retenção nos escalões (sendo que a nota de “bom” é atribuída a partir do 6,5 e a de “muito bom” a partir de 8, ou seja, no máximo um professor acede ao 5º e 7º escalões ao fim de três anos) e ainda a diferenciação entre as classificações de “bom” (entre 6,5 e 7,5).
Condições que agradaram à maioria dos sindicatos. Já de madrugada, Mário Nogueira e João Dias da Silva foram os primeiros a assinar o acordo, enquanto Isabel Alçada fechava a noite a congratular-se com o entendimento.
In DN
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Os Reis Magos
São três e chegam de longe
com um sonho na bagagem:
querem estar com o menino
antes que finde a viagem.
São magos do Oriente,
mas não são magos de rua;
acreditam nos cometas,
nas estrelas e na lua.
São os magos viajantes
que resistem à fadiga,
seguindo o rasto de luz
de uma estrela que é amiga.
São os Reis Magos que chegam
das mais remotas paragens
com ouro, incenso e mirra
que trazem de outras viagens.
São os Reis Magos Felizes,
joelho assente na terra,
com um voto e uma prece:
"menino, põe fim à guerra."
Gaspar, Baltazar e Belchior
pedem à estrela brilhante:
"Dá nome a este menino
antes que o galo cante."
Viemos aqui nesta noite
com um desejo profundo:
queremos ver o Menino
que vem dar esperança ao mundo.
José Jorge Letria
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Nova Antologia de Poesia Portuguesa
Poemas Portugueses - Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI
organização de Jorge Reis-Sá e Rui Lage
EditoraPorto Editora
Data2009
ISBN978-972-0-06291-8
Da apresentação dos organizadores:
"Esta é a primeira antologia panorâmica que abarca a poesia portuguesa desde os seus alvores, na transição do século XII para o século XIII, cerca de seis décadas após o nascimento do Reino de Portugal, até ao presente, entendendo-se por presente o ano de 2008, data dos poemas mais recentes aqui recolhidos. Em consequência desta novidade, surge uma outra: a de ser esta a primeira vez que todo o arco temporal do século XX é objecto de um projecto antológico não exclusivo, isto é, nem temático, nem tendencioso. Por outras palavras, esta antologia, passe a redundância, começa no começo, e termina na actualidade. O que significa que, pela primeira vez, os leitores de poesia podem eles próprios, a partir de um único livro, produzir uma apreciação quer sobre a poesia escrita na totalidade do século XX, quer sobre as poéticas do século XX em confronto e diálogo entre si e com os diversos momentos da tradição poética portuguesa ao longo de oito séculos (mais em diálogo do que em confronto, assim cremos). Ou simplesmente fruir dos milhares de poemas aqui compilados, saltando de uns séculos para os outros, começando pelo princípio, pelo meio ou pelo fim, organizando um número indefinido de antologias pessoais. Nestas mais de 2000 páginas coexistem, diacronicamente, mais de 800 anos de poesia, desde a "Cantiga de Garvaia" de Pai Soares de Taveirós, datável do primeiro decénio do século XIII, até Outubro de 2008, data do mais recente poema aqui incluído, "Rasto", de Luís Quintais."
Subscrever:
Mensagens (Atom)